terça-feira, 22 de março de 2011

Prefeitura sabia que área de risco no Parque Santa Madalena em Sapopemba estava para cair e nada fez para evitar a tragédia.



Em sete anos, a Prefeitura não conseguiu melhorar a situação de três em cada quatro áreas de grande risco de deslizamento na cidade de São Paulo.

Mais de 75% das áreas de risco alto e muito alto mapeadas em 2003 permanecem hoje na mesma situação e seguem protagonizando acidentes - apesar das tentativas de retirada e das promessas das gestões Marta Suplicy (PT), José Serra (PSDB) e Gilberto Kassab.

É o que mostra análise feita pelo Estado a partir do mapa das áreas de risco de 2010 produzido pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e divulgado neste ano, em comparação com os dados do estudo de 2003.

No total, 29 mil famílias paulistanas vivem atualmente em regiões com probabilidades alta e muito alta de escorregamento ou inundação (próximas de córregos).

Das 158 áreas com essa característica mapeadas em 2003, durante a gestão Marta Suplicy (PT), 119 aparecem com as mesmas classificações no levantamento divulgado em janeiro pela gestão Kassab.

Cada área é dividida em setores, que podem variar em quatro níveis de risco: baixo, médio, alto e muito alto.

As duas últimas classificações são as que precisam de maior atenção - por apresentarem grande potencial para ocorrência de escorregamentos e solapamentos.

No estudo do ano passado, a Prefeitura identificou 607 setores de risco alto e muito alto.

Em 2003, eram 288 - e desses 251 permanecem.

Mortes. Em vários desses endereços, a chuva caiu e a tragédia anunciada se concretizou.

Em 2009, por exemplo, um homem de 45 anos morreu na Favela Santa Madalena, em Sapopemba, área da Subprefeitura de Vila Prudente, zona leste, onde moram 1.900 famílias.

Desde 2003, a Prefeitura já sabia que a área apresentava três setores de risco muito alto.

A favela se desenha em torno de um vale, em cujas encostas e no fundo estão encravadas as moradias sujeitas a maior risco.

A dona de casa Gilvanice Batista dos Santos, de 25 anos, mora há quatro com o marido e os dois filhos, de 3 e 7 anos, exatamente no centro desse vale.

"Quando chove, a água vem como um rio até a parede da sala. Fica tudo molhado", reclama ela, que pagou R$ 14 mil pela residência de três cômodos.

"Nesses dias caiu parte do barranco.

Tenho medo, mas não tenho para onde ir.

Fonte :Jornal Estadão

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