É preciso discutir o desconforto com os pequenos depósitos de reciclagem .
Uma das atitudes mais louváveis e entre as mais sensatas, a reciclagem ganha destaque mundial como uma necessidade premente para dar um pouco mais de fôlego a humanidade que vê cada vez mais acelerado o uso intensivo e insano de seus recursos materiais.
No atual ritmo e modo de desenvolvimento que a maioria dos países adota como correto, vai chegar o tempo em que à escassez será tão grande que poderemos ter por toda parte situações de calamidade hoje só encontradas nas realidades de diversos países da África ou do Haiti, por exemplo, no continente americano, conforme vemos com alguma freqüência em telejornais sérios e documentários.
Claro está que esse modelo de desenvolvimento está fadado ao fracasso e só para ter como exemplo de ameaça evidente; a água de qualidade que pode ser usado pelos humanos, tem data para terminar se não houver um basta na insanidade desenvolvimentista.
É dentro dessas preocupações que deveriam ser universais que se insere o importante papel da reciclagem de materiais inservíveis com seus exércitos de recicladores que vemos cotidianamente com a sua lida, adversa, por sinal, porque a separação do que pode ser aproveitado e do que não pode ainda não é rotina dos brasileiros e os paulistanos incluídos.
Se a reciclagem é tão importante e necessária deveria ser estimulada pela grande mídia, pela escola, pelos governos, por todos, enfim, não é motivo para fecharmos os olhos para alguns desvios perigosos que vem ocorrendo.
Por conta da necessidade sempre crescente de gerar renda, muita gente, por vezes famílias inteiras, buscam na reciclagem, separação e venda de materiais que podem ser reciclados o seu sustento, entretanto, sem infra-estrutura, esclarecimentos suficientes e, às vezes, por falta de um pouco de boa vontade, esses catadores acabam gerando situações indesejáveis.
Sabem coletar, sabem separar, mas não sabem armazenar corretamente o fruto de sua garimpagem diária e ai começam a se formar pequenos depósitos que sem fiscalização e orientação estão gerando desconforto para os vizinhos e o entorno.
Quanto mais locais como esses são criados mais trazem consigo o aumento da sujeira pelas calçadas e ruas, mau cheiro, baratas, ratos e focos de dengue em poças que às vezes mal se consegue localizar diante de tanta bagunça que esses locais acabam se transformando.
Uma atitude louvável e necessária acaba, por conta da instalação de pequenos depósitos, se transformando em fonte de aborrecimentos e preocupações.
Ratos, baratas, sujeiras e focos de dengue ninguém quer próximo às suas portas e é natural que assim seja.
Como, então, conviver com a ação louvável da reciclagem e com os aborrecimentos que nesses casos trazem? É para se fechar os olhos para a situação que se está criando, ou é preciso discutir: vizinhos, reciclador, donos de depósitos e poder público como ter os benefícios da reciclagem sem os dissabores que a ação trás?
Está em aberta a questão.
Tampar o sol com a peneira não resolve.
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