domingo, 9 de janeiro de 2011

“Sapopemba” Presidente da Associação Estrela do Bairro CAPOEIRA,convida o Jornal Estadão para contar um pouco das Histórias dos moradores de Área de risco da região do Jardim Planalto .

As pessoas que acompanham o Blog Cobra Notícias sabem do sofrimento dos moradores da Rua Paratura, o Presidente da Associação Estrela do Bairro, o senhor CAPOEIRA tentou de várias formas tentar lhes ajudar .

CAPOEIRA entrou em contato com vários veículos de Comunicação sendo alguns deles o Jornal Diário de São Paulo,o Jornal Folha de Vila Prudente a GLOBONEWS Empresa vinculada a Rede Globo de Televisão e por ultimo o Jornal Estado de São Paulo .

Fora isso CAPOEIRA tentou inúmeras vezes o contato com a Subprefeitura de Vila Prudente/Sapopemba , todas elas em vão .

Siga ai trechos de dois E-mails enviados diretamente ao Subprefeito Wilson Pedroso.

1° E-MAIL: BOM DIA WILSON PEDROSO!!!

PEÇO QUE VC FALE URGENTE COM A DEFESA CIVIL, POIS ACABOU DE CAIR UM BARRACO AQUI NA RUA PARATURA N° 52B PROXIMO AO PONTO FINAL DO JARDIM PLANALTO, POR FAVOR, ME PROCURE CAPOEIRA A COISA TÁ FEIA E DESDE MANHÃ O POVO LIGA PARA A DEFESA CIVIL E NADA ACONTECEU.

ESSE BARRACO CAIU POR CAUSA DA CHUVA DE ONTEM.

OBS: A FAMÍLIA ESTA EM TOTAL CARÁTER DE ABANDONO

2° E-MAIL: CARO SUBPREFEITO WILSON PEDROSO EU E O CAPOEIRA ESTIVEMOS NO LOCAL ONDE UM BARRACO CAIU E OUTROS TANTOS ESTÃO DEPENDURADOS , E A POPULAÇÃO PRECISA URGENTEMENTE QUE A DEFESA CIVIL VÁ ATÉ O LOCAL PARA TOMAR ALGUMA PROVIDENCIA , O MAIS RÁPIDO POSSIVEL , QUERO LHE INFORMAR QUE O JORNAL FOLHA DE VILA PRUDENTE ESTEVE NO LOCAL , ASSIM COMO OUTRO JORNAL DE GRANDE CIRCULAÇÃO .

A FAMILIA AO QUAL O BARRACO CAIU ESTA TOTALMENTE DESAMPARADA, ABANDONADA SEM SABER O QUE FAZER, POR ISSO PEÇO ENCARRECIDAMENTE QUE VC TOME ALGUMA PROVIDENCIA.

Siga agora na integra a matéria do Jornal Estadão deste Domingo dia 09/01/2011 e veja algumas fotos da matéria .

O Jornal trás a seguinte chamada :
Uma área de risco.Três Histórias de perdas com a chuva.

Nas primeiras nuvens escuras, moradores de bairro da zona leste se preparam para o pior, já prevendo desabamentos e enchente.

Flávia Tavares - O Estado de S.Paulo

Nível um. Tateando as paredes da viela, Irene Maria dos Santos, de 63 anos, chega à casa onde mora com a filha, Viviane, de 26.

O olho lacrimeja a catarata e o glaucoma que nublam sua vista há tempos.

Ela quase não enxerga, mas sabe quando o céu preteja e ameaça despencar no Jardim Planalto, zona leste de São Paulo.

Sua casa é uma das sete interditadas na Rua Paraturá, no mês passado, depois de um deslizamento que destruiu um barraco logo abaixo.

Irene e a filha estão no nível um da tensão pré-chuva que aflige os moradores da região e de todas as outras áreas de risco da cidade.

Prevendo que a terra úmida da base de sua casa possa ceder a qualquer nova pancada, as duas levaram quase todos os móveis do quarto para a cozinha.

Dormem ali, mesmo com a casa interditada, em um colchão no chão, com cinco gatos, criados como ratoeiras contra a invasão dos roedores nessa época.

"Quando ameaça chover, corro para a casa da minha vizinha", diz Irene.

"A gente escuta na TV que quando desbarranca morre gente.

Tenho medo que desmorone tudo e a gente despenque lá para baixo." Irene não tem aposentadoria, sua família toda morreu em Pernambuco, a filha Viviane cumpre aviso prévio e está desempregada a partir do dia 23.

A viela está sem saída.

Nível dois. A garota de 7 anos escreveu uma carta para o apresentador Augusto Liberato, o Gugu, da Record.

"Meu nome é Maria Eduarda.

Eu e minha irmã gostaríamos de uma casa nova", apresentou-se. Maria Eduarda, a irmã Monique, de 6 anos, a mãe Mônica da Silva Sousa, de 30, e o pai Fábio Rogério de Brito, de 31, são os vizinhos ao lado do barraco soterrado no dia 13 de dezembro.

Na cartinha para o apresentador, ela relatou o dia em que a Defesa Civil "interditou a gente".

Já tinha começado a pingar lá fora quando a menina contava de sua missiva.

A janela da cozinha de Mônica está na altura do terreno oco que permeia a casa de Irene.

É o nível dois da Rua Paraturá.

As nuvens carregadas se aproximam, mas ela espera para ver se a chuva é brava ou garoa antes de despachar as filhas para a casa da sogra, um pouco acima na rua.

Se o deslizamento acontecer, já tem planejada uma rota de fuga para ela e o marido, pela laje da casa.

Com os vizinhos Manoel das Neves e Marta Maria, que também têm dois filhos, Mônica e Fábio pretendem juntar um dinheiro e erguer um muro por conta própria para conter a terra avulsa.

Esperam só passar a compra de material escolar.

"Meu coração aperta quando escurece, mas não de tristeza ou medo. É revolta", diz Fábio.

Manoel também não se conforma com o que considera um descaso da Prefeitura e da Defesa Civil, que foram ali, interditaram as casas e não ofereceram qualquer alternativa.

"Não deram nem a lona que hoje segura a água ", indigna-se Marta.

Não bastasse o medo e o risco por conta da chuva, ela recebeu uma conta de luz, com vencimento em 28 de dezembro, de R$ 456,23. Marta ligou para a empresa e informou: "Não moro no Morumbi, não, moço.

Como eu teria uma conta dessa?"

A vizinhança toda paga um valor alto de eletricidade, de cerca de R$ 200.

A chuva aperta, o vento está violento e Mônica começa seu ritual. Embrulha Maria Eduarda e Monique em toalhas, dá um guarda-chuva rosa de bolinhas para cada uma e corre para a casa da sogra. "Toalha é sempre bom", sorri Maria Eduarda.

Somem nas escadarias transformadas em cachoeiras.

Mônica volta encharcada para tentar - em vão - expulsar a água da cozinha a rodo.

"O pior é que a gente se acostuma", resigna-se.

"Eu mesma pensava, quando via deslizamento na TV:

"por que essa gente não sai daí?".

Hoje sei. Estou aqui porque preciso."

Nível três. Paraturá abaixo, os barracos de madeira reaparecem, logo à beira de um córrego transbordando de lixo.

O nível três é o mais arriscado.

Além do risco de soterramento, a pontezinha precária de tábuas desaparece na água imunda.

Com a chuva, Valéria Marques Conceição e a mãe, Mariah, ficam ilhadas e a lama invade o barraco.

"Já perdi meu pai para a leptospirose há quatro anos.

Ele saiu na água para tentar salvar a TV ", diz Valéria.

Mariah já se preparava para jogar os móveis para cima do beliche. "Não dá para explicar o sentimento quando o céu fecha.

Mas a gente se acostuma a viver com medo da chuva."

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