Fonte : Jornal Paulistano André Kuchar
A notícia pegou de surpresa o Parque São Lucas e a Vila Prudente. Na última sexta-feira, dia 11, o Diário Oficial do Município publicou Decreto nº 51.097 que declara de utilidade pública uma área de 180.250 m² para serem desapropriados judicialmente ou adquiridos mediante acordo, situada no Distrito do São Lucas, Subprefeitura Vila Prudente/Sapopemba, necessária à implantação de parque público.
Trata-se da área da antiga fábrica das Linhas Corrente, no Jardim Independência, que foi adquirida pelo Grupo Bourbon em 1997 para abrigar um hipermercado e um shopping center da Companhia Zaffira, do Rio Grande do Sul.
Naquela época o prédio da fábrica chegou a ser demolido, mas as obras foram logo paralisadas.
Por questões internas o grupo interrompeu o projeto e resolveu investir em outra área, no bairro da Pompéia.
Há três meses, trecho de 50 mil m² desse terreno foi desapropriado pela Companhia do Metropolitano (Metrô) para abrigar o pátio de manobras dos trens do sistema de transporte elevado do monotrilho, que vai ligar Vila Prudente à Cidade Tiradentes.
Embora a novidade esteja sendo bem vinda pela população, em virtude dos índices irrisórios de áreas verdes na região, persistem algumas dúvidas em relação ao decreto e a localização exata dos imóveis que serão afetados para o parque e o pátio do monotrilho.
“Esse decreto ainda não é de desapropriação, mas o primeiro passo. E a área é toda das Linhas Corrente, inclusive os 50 mil do metrô que estão dentro dos 180 mil”, esclareceu o subprefeito de Vila Prudente/Sapopemba, Wilson Pedroso.
“O pátio dos trens não vai retirar área verde.
A medida do prefeito Kassab traz mais qualidade de vida às pessoas, além de atender ao apelo da sociedade local”.
Uma defensora do verde, a dona de casa Ivani Fernandes de Souza, que mora colada à área, sempre estava atenta aos movimentos dentro do terreno desocupado há mais de 15 anos.
Qualquer gesto de retirada de árvores provocava reclamações imediatas.
“Ainda estou temerosa se o pátio do monotrilho vai tirar árvores, mas essa notícia é ótima, pois sou pela preservação do verde e da fauna”, disse.
Para que o local se tornasse público, ela já tinha pensado até em organizar protesto com moradores abraçando a área.
“Por pouco tempo pudemos usar a pista de caminhada, mas logo fecharam o local”, acrescenta.
Outro local em que a notícia ecoou de forma bastante positiva foi na EMEF Cleomenes Campos, do Parque São Lucas.
Alunos, pais e professores lançaram no começo deste ano movimento pela implantação do parque nessa área.
“Os alunos notaram que existe uma grande preocupação com a retirada de árvores da Amazônia e que perto de suas casas não se dava tanta importância”, conta o professor de Matemática, Airton Aparecido do Carmo.
Ao lado das professoras Marli Davas e Silmara Paiva, eles começaram a despertar preocupação nos alunos.
“Eles canalizaram essa angústia e começaram a enviar mensagens por e-mail para a mídia regional e para as autoridades”.
FORTALECER O COMÉRCIO
Além dos ganhos para os moradores do entorno, a implantação do parque pode trazer outras melhorias para o bairro.
“Conseguimos vender bem imóveis em Vila Zelina, Jardim Avelino e Vila Alpina, mas no Jardim Independência os compradores mostram desinteresse, pois o comércio básico naquele trecho do bairro não é forte”, opina o corretor de imóveis e dono da Imobiliária Catedral, João Tadeu Racz.
“O parque em si não vai valorizar os imóveis das proximidades, mas com o movimento de pessoas pode atrair novos estabelecimentos comerciais”.
De acordo com esse corretor, um outro aspecto é importante. “Com o parque, a preservação daquela vegetação vai ser garantida, o que poderia não acontecer com a construção do shopping”, comenta. “Quantas árvores forma retiradas de lá sob a alegação de que estavam secando ou com pragas?”
Estabelecida há 20 anos quase em frente da área em questão, a comerciante Dirce Nishitani vê com bons olhos a medida.
“O comércio dessa parte da Avenida Oratório está muito parado, ao contrário da parte perto da Delegacia e da Avenida São Lucas”, relata.
“Com área vazia estamos vulneráveis e temos bastante trabalho com serviços rotineiros de descupinização e dedetização.
O parque pode incentivar e fortalecer novos comércios neste trecho”.
ALÍVIO E SAUDADES
A implantação do parque também é motivo de alívio para a comunidade que mora em habitações modestas da Rua Irulegui Cunha.
“Se fossem mesmo construir o shopping, corríamos grandes riscos de ter de sair da área.
Esse tipo de empreendimento não quer moradias humildes por perto”, conta o presidente da Associação dos Moradores dessa comunidade, Paulo Rodrigues.
“Com o parque público nossas crianças, que hoje brincam na rua, terão um local apropriado para suas recreações.
E todos sem distinção de classes poderão frequentá-lo”.
Dos tempos da fábrica das Linhas Corrente restam também boas lembranças e saudades.
“Tínhamos um clube completo dentro da área com piscina recreativa, campo de futebol gramado, quadras esportivas, salão de festas e playground para os 1.200 funcionários e seus familiares”, conta o técnico de segurança no trabalho, Jair Vicente Ortega, que trabalhou nessa empresa por cinco anos até 1991.
“A direção da empresa incentivava o lazer e apoiou o surgimento do Grupo de Escoteiros Corrente que era aberto a toda comunidade”.
GRUPO ZAFFARI E METRÔ
Via Assessoria de Imprensa, o Grupo Zaffari informou que “desenvolveu e aprovou projeto para a implantação de um centro comercial na área da antiga fábrica das Linhas Correntes, no Parque São Lucas, Vila Prudente.
Nos últimos dias, a Prefeitura do Município de São Paulo e o Estado de São Paulo demonstraram interesse de utilização da área para a realização de obras públicas (Parque Municipal e/ou Pátio de Manobras de Trens do Metrô) mediante desapropriação.
Por ora, o Grupo Zaffari aguarda a definição das autoridades responsáveis quanto ao efetivo destino que será dado à referida área, para então decidir sobre a retomada de nosso projeto para o local.
A empresa permanece no firme propósito de investir na cidade de São Paulo, com empreendimentos que geram emprego, renda e desenvolvimento local”.
Já o Metrô informou que “não há incompatibilidade e nem prejuízo na área desapropriada no Parque São Lucas.
Apesar do trecho de 50 mil m² desapropriado pela Companhia estar inserido nos 180 mil m² declarados de utilidade pública no decreto municipal nº 51.097, as obras para a construção do pátio de trens da extensão da Linha 2-Verde seguirão o cronograma estabelecido”.
8 comentários:
Caro Carlinhos,
Boa noticia. Ainda não sabia da novidade.
Só uma coisa que acho importante, sempre publique a fonte da informação e o autor da matéria. Tive de procurar muito na internet para saber que essa notícia foi publicada no jornal O Paulistano.
Axé!
Professor Moisés Basílio
fiquei sabendo que esta area vai para uma industria oque voces me dissem disso?
Estou no último ano de Arquitetura e Urbanismo e sigo com meu Projeto de criação de um Parque Cultura da Vila Prudente para o Trabalho Final de Graduação, exatamente neste terreno.
Moro no bairro a 23 anos sendo um dos meus sonhos como moradora ver uma ocupação útil para esta área no bairro, um verdadeiro vazio urbano.
Ao finalizar este Projeto do Parque Cultural da Vila Prudente no final deste ano, o entregarei a Prefeitura e Áreas Verdes de SP, como sujestao de projeto.
Estou me empenhando ao máximo para que seja um projeto como proposta de trazer benefícios e por impacto melhorar a condição atual e futura ao acesso a cultura e lazer da população na região.
Criando espaços com grande diversidade cultural visando melhorias que atenderão seu público.
O programa contempla ambientes de teatro, salas de música e dança, biblioteca, espaço para a exposição de artes e uma vasta área de lazer arborizada.
Assim deixo meu contato para algumas informações e sujestões
caroline_p@uol.com.br
Parque!????
Eles estão desmatando todo terreno!
Aquilo não vai ser um parque não..estão derrubando todas as arvores!
Fiz esse semana minha denuncia para Policia Ambiental
Nossa foi meu primeiro emprego... trabalhei lá de 84 a 90 . Sinto saudades... Espero que façam um parque bem bonito. Guardo otimas recordações.
Foi lá que meus pais se conheceram, ambos trabalharam na Linhas Corrente em 78.
Foi lá que meus pais se conheceram, em meados de 1977 ou 1978.
Ambos trabalhavam na Linhas Corrente, meu pai trabalhava com manutenção de equipamentos, e minha mãe era tearista.
Eles vieram a se casar em 1979.
Realmente durante as obras do monotrilho ouve muita redução do verde e ainda acredito que tem alguém dando sequência na matansa.
URGENTE! Alguém sabe qual projeto vingou nesta área livre?
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